sábado, 31 de dezembro de 2011

ê old feelings!

A força dos amores antigos consiste na mesma dos velhos hábitos, aqueles difíceis de largar.
Os amores antigos podem se alojar em um músculo estriado involuntário e -  assim como um tripanossomo - destruí-lo com os anos. Tanto dano para talvez tão pouca felicidade..
Assim passa-se muitas primaveras mal-vividas por causa de uma, aquela que fora a melhor e que, arrogantemente, não dá chances à outras menos floridas.

...

E não se consumaram os 2 pontos e as 2 palavras.
Meu nome é futuro do pretérito
A vida inteira que poderia ter sido e não foi.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

ê Vinicius de Moraes !



A minha namorada é tão bonita, tem olhos como besourinhos do céu
Tem olhos como estrelinhas que estão sempre balbuciando aos passarinhos...
É tão bonita! tem um cabelo fino, um corpo menino e um andar pequenino
E é a minha namorada... vai e vem como uma patativa, de repente morre de amor
Tem fala de S e dá a impressão que está entrando por uma nuvem adentro...
Meu Deus, eu queria brincar com ela, fazer comidinha, jogar nai-ou-nentes
Rir e num átimo dar um beijo nela e sair correndo
E ficar de longe espiando-lhe a zanga, meio vexado, meio sem saber o que faça...
A minha namorada é muito culta, sabe aritmética, geografia, história, contraponto
E se eu lhe perguntar qual a cor mais bonita ela não dirá que é a roxa porém brique.
Ela faz coleção de cactos, acorda cedo vai para o trabalho
E nunca se esquece que é a menininha do poeta.
Se eu lhe perguntar: Meu anjo, quer ir à Europa? ela diz: Quero se mamãe for!
Se eu lhe perguntar: Meu anjo, quer casar comigo? Ela diz... — não, ela não acredita.
É doce! gosta muito de mim e sabe dizer sem lágrimas:
Vou sentir tantas saudades quando você for...
É uma nossa senhorazinha, é uma cigana, é uma coisa
Que me faz chorar na rua, dançar no quarto, ter vontade de me matar e de ser presidente da república.
É boba, ela! tudo faz, tudo sabe, é linda, ó anjo de Domremy!
Dêem-lhe uma espada, constrói um reino ; dêem-lhe uma agulha, faz um crochê
Dêem-lhe um teclado, faz uma aurora, dêem-lhe razão, faz uma briga...!
E do pobre ser que Deus lhe deu, eu, filho pródigo, poeta cheio de erros
Ela fez um eterno perdido...

domingo, 25 de dezembro de 2011

A banda do vizinho

Por que diabos estão tocando Pink Floyd?

A questão é: eles sempre tocam, porém nem sempre a gente escuta..
How I wish, how I wish you were here

ê Manuel Bandeira!

Namorados

O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
-Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
-Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listrada?
A moça se lembrava:
-A gente fica olhando...
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
-Antônia, você parece uma lagarta listrada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
-Antônia, você é engraçada! Você parece louca.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

ê 'Presente' !

A ausência de promessas não me deixa insegura. O que temos é o hoje e assim vamos vivendo, embora a vontade de prometer esteja aqui.
As vezes penso no que virá. No entanto, gosto desse jeito novo de lidar com os sentimentos, de simplesmente ir sentindo - sem amarras - como se só importasse o instante presente que, por ser efêmero, torna-se eterno.

ê Manuel Bandeira!

O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.

A beleza é um conceito.
... E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento,
Graça que perturba e que satisfaz.

(...)
O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.

"Madrigal melancólico"

segunda-feira, 11 de julho de 2011

ê Fabrício César !

Poema recíproco

Quando a reciprocidade me olhou nos olhos
Eu fiquei sem o que fazer, mordi os lábios.
Olhei-a com o coração, e ele quis saltar.
De meu peito veio o sinal de assalto,
De minhas pernas o sinal de tremor,
Das tectônicas da alma acima do asfalto,
Das placas de sonhos, veio o do Amor.


Quando ela vem e invade as divisas,
as fronteiras do que pressinto desfalecem,
E mesmo que a razão sempre venha e avise
que ve-la é normal. Os pés se esquecem
que havia chão, antes, ou depois teto.
Eu me sinto um perdido, louco, e raro.
Eu ali, com os olhos e o coração inquietos,
a boca, a alma e os sonhos mais caros.


Quando a reciprocidade nos olhos me olha...
A noite o sol espera, já que não há demora
nem tempo nas pêndulas do infinito ou breve
que desfaça da entrega, as mais inteiras horas.
Ou das pêndulas não faça o mover lento e leve.


O Gosto do Quando.Pedro E João Editores. São Carlos, 2011.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

ê Vicente de Carvalho !

Velho Tema 

Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada;
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.
 
O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.
 
Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,
 
Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.

ê Cecília Meireles !

É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.


É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.


O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.


O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.


O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.

ê Cecília Meireles !

Epigrama n. 2

És precária e veloz, Felicidade.
Custas a vir e, quando vens, não te demoras.
Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo,
e, para te medir, se inventaram as horas.

Felicidade, és coisa estranha e dolorosa:
Fizeste para sempre a vida ficar triste:
Porque um dia se vê que as horas todas passam,
e um tempo despovoado e profundo, persiste.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

sobre saudade...

(mas agora deu que)
um passarinho voou mais alto, foi fazer um ninho numa nuvem.

o riso espontâneo  elevando os ombros, evidenciando a dentadura (rarrai).
repentes, ovos, alpercata e halls de cereja
cavalos, bois e padrim Cícero
A bravura, a esperteza e a doçura, tudo sob a sombra de um boné.

a Pedro Severo como "até logo"
um avô, uma figura, um amor.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

ê Machado !

— Ah! conselheiro, aí começa a falar em verso.

— Todos os homens devem ter uma lira no coração, — ou não sejam homens. Que a lira ressoe a toda hora, nem por qualquer motivo, não o digo eu; mas de longe em longe, e por algumas reminiscências particulares... Sabe por que é que lhe pareço poeta, apesar das Ordenações do Reino e dos cabelos grisalhos? É porque vamos por esta Glória adiante, costeando aqui a Secretaria de Estrangeiros... Lá está o outeiro célebre... Adiante há uma casa...

— Vamos andando.
[...]
— A razão é clara: achava a sua conversação menos ensossa que a dos outros homens.

— Obrigado; era mais profunda a causa da diferença, e a diferença ia-se acentuando com os tempos. Quando a vida cá embaixo a aborrecia muito, ia para o Cosme Velho, e ali as nossas conversações eram mais frequentes e compridas. Não lhe posso dizer, nem o senhor compreenderia nada, o que foram as horas que ali passei, incorporando na minha vida toda a vida que jorrava dela. Muitas vezes quis dizer-lhe o que sentia, mas as palavras tinham medo e ficavam no coração. Escrevi cartas sobre cartas; todas me pareciam frias, difusas, ou inchadas de estilo. Demais, ela não dava ensejo a nada; tinha um ar de velha amiga. No princípio de 1857 adoeceu meu pai em Itaboraí; corri a vê-lo, achei-o moribundo. Este fato reteve-me fora da Corte uns quatro meses. Voltei pelos fins de maio. Quintília recebeu-me triste da minha tristeza, e vi claramente que o meu luto passara aos olhos dela...

— Mas que era isso senão amor?


(A Desejada das Gentes)

sábado, 11 de junho de 2011

ê Pessoa !

Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre... o que não nasceu para isso;
Serei sempre... só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.

Tabacaria, Álvaro de Campos. Fernando Pessoa.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Pseudônimo


Ê entorpecentes!
só pra me livrar disto que se alimenta de entranhas, causando um vazio no peito e uma dor que nenhum dorflex  pode dar jeito.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

ê Pessoa !

Tenho tanto sentimento
Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.


Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.


Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

ê Sebastião da Gama !



Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos,
basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
                                 Partimos. Vamos. Somos.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

ê Augusto dos Anjos!


O Lamento das Coisas

Triste, a escutar, pancada por pancada,
A sucessividade dos segundos,
Ouço, em sons subterrâneos, do Orbe oriundos,
O choro da Energia abandonada!

É a dor da Força desaproveitada,
- O cantochão dos dínamos profundos,
Que, podendo mover milhões de mundos,
Jazem ainda na estática do Nada!

É o soluço da forma ainda imprecisa...
Da transcendência que se não realiza...
Da luz que não chegou a ser lampejo...

E é, em suma, o subconsciente ai formidando
Da Natureza que parou, chorando,
No rudimentarismo do Desejo!

ê Augusto dos Anjos!

Faça o obséquio de trazer reunidos
Cloreto de sódio, água e albumina.
Ah! Basta isso. É daí que se origina
A lágrima de todos os vencidos.

A farmacologia e a medicina
Como a relatividade dos sentidos
Desconhecem os mil desconhecidos
Segredos dessa secreção divina.

O farmacêutico me obtemperou.
Vem-me logo à lembrança o Pai Ioiô
Na ânsia fria da última eficácia.

E então a lágrima dos meus olhos cai.
Vale mais lembrar a alma do meu pai
Do que todas as drogas da farmácia.

sábado, 2 de abril de 2011

ê Adélia Prado !

(...) Eu quero a dor do homem na festa de casamento,
seu passo guardado, quando pensou:
a vida é amarga e doce?
Eu quero o que ele viu e aceitou corajoso,
os olhos cheios d’água sob as lentes.

quinta-feira, 10 de março de 2011

ê ... !

É que de repente tive que encarar novamente todas aquelas estrelinhas. 
Ali, imutáveis e desbotadas, em um pote.

A gente nem sempre se lembra daquilo que nos faz mal (ou bem).

ê nloucrescendo !

Quero voltar o quanto antes para a minha Pasárgada, pois lá eu não tenho um passado que me traga e me tira o sono.
Solidão onde deveria não haver parece fazer parte de uma história muito mais antiga. É que a gente cresce e passa a enxergar melhor o que está sob nossos olhos.
Amadurecer dói.

domingo, 6 de março de 2011

ê Bukowski !

Confissão

esperando pela morte
como um gato
que vai pular
na cama

sinto muita pena de
minha mulher

ela vai ver este
corpo
rijo e
branco

vai sacudi-lo e
talvez
sacudi-lo de novo:

“Henry!”

e Henry não vai
responder.

não é minha morte que me
preocupa, é minha mulher
deixada sozinha com este monte
de coisa
nenhuma.

no entanto,
eu quero que ela
saiba
que dormindo
todas as noites
a seu lado

e mesmo as
discussões mais banais
eram coisas
realmente esplêndidas

e as palavras
difíceis
que sempre tive medo de
dizer
podem agora
ser ditas:

eu
te amo.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

ê Clarice !

Depois, com a continuação aplainadora de noites e dias — e aliar-se à continuação, grudando a esta o corpo inteiro, havia-se tornado o secreto objetivo desde que ele fugira — com a continuação de noites e dias o homem terminara por esquecer o motivo pelo qual quisera encontrar o mar. Quem sabe, talvez não fosse por nenhum motivo de ordem prática. Talvez fosse apenas para que, chegando finalmente ao mar, num instante de obscura beleza, ali ele tivesse chegado

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

ê Chaplin !

Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

ê Caio F !

É como o lance dos morangos mofados. O azedume do cheiro, aquela aparência macerada de coisa cuja hora passou, o rubro virado em tom-qualquer-um, a aversão completa, quase com um quê de piedade, que nos provoca aquela visão de quase-morte, ou quase-vida. Mofados, mas morangos ainda - e há nobreza em continuar sendo o que realmente se é, mesmo sob uma capa de miséria.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

ê Machado !

 Os séculos desfilavam num turbilhão, e, não obstante, porque os olhos do delírio são outros, eu via tudo o que passava diante de mim,— flagelos e delícias, — desde essa coisa que se chama glória até essa outra que se chama miséria, e via o amor multiplicando a miséria, e via a miséria agravando a debilidade. Aí vinham a cobiça que devora, a cólera que inflama, a inveja que baba, e a enxada e a pena, úmidas de suor, e a ambição, a fome, a vaidade, a melancolia, a riqueza, o amor, e todos agitavam o homem, como um chocalho, até destruí-lo, como um farrapo. Eram as formas várias de um mal, que ora mordia a víscera, ora mordia o pensamento, e passeava eternamente as suas vestes de arlequim, em derredor da espécie humana. A dor cedia alguma vez, mas cedia à indiferença, que era um sono sem sonhos, ou ao prazer, que era uma dor bastarda. Então o homem, flagelado e rebelde, corria diante da fatalidade das coisas, atrás de uma figura nebulosa e esquiva, feita de retalhos, um retalho de impalpável, outro de improvável, outro de invisível, cosidos todos a ponto precário, com a agulha da imaginação; e essa figura, — nada menos que a quimera da felicidade, — ou lhe fugia perpetuamente, ou deixava-se apanhar pela fralda, e o homem a cingia ao peito, e então ela ria, como um escárnio, e sumia-se, como uma ilusão.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

ê Camões !

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já foi coberto de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

ê Bukowski !

"O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece."

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

ê Quintana !

“Não te irrites, por mais que te fizerem…
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio…”

ê Chico !

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.

ê Acústicos & Valvulados !

"...Nem penso muito no que pode acontecer
Enquanto arrumo
Todas as coisas que eu sinto
O meu passado e o meu destino
E espero que o fim da tarde venha com você."

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ê Pessoa !

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

ê Pedro Bandeira !

Neste mundo existem quatro bilhões de pessoas, quer dizer, existo eu e mais três bilhões, novecentos e noventa e nove milhões, novecentos e noventa e nove mil e novecentos e noventa e nove pessoas. Se eu não existisse, faria alguma falta? Acho que sim. É mais fácil dizer quatro bilhões.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

ê dirty streets !

Quando caminho por aqui tenho a leve impressão de que essas ruas sentem nossa falta.
Que o vento que me toca me estranha por não me reconhecer sem tua blusa.
Que quem me vê, sabe que há uma ausência. Que vê só a metade porque o resto se perdeu à sua procura.
.

domingo, 2 de janeiro de 2011

ê Mariano Marovatto !

vamos me esqueça pelo menos hoje. vá jogar bilhar, vá se jogar no mar. qualquer coisa, meu bem, qualquer coisa mas por favor me esqueça.

ê Oswald !

Sente-se diante da vitrola
E esqueça-se das vicissitudes da vida
Na dura labuta de todos os dias
Não deve ninguém que se preze
Descuidar dos prazeres da alma.

.

ê pretty woman!

Reveillon perdido e Uma linda mulher passando na globo..
Richard Gere, venha me salvar dessa vida prostituta de vestibulanda também!
.

ê João Cabral de Melo Neto !

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

ê madrugada !


não, não está certo. vodka, kiwi e del valle.
não, não me leve a mal. só não ando bem.
é que às vezes é preciso perder um pouco de realidade.

ê Grey's !

'Eu me sinto vazia.
Mais tequila. Mais amor. Mais qualquer coisa. Mais é sempre melhor
Não, eu me sinto vazia. '

ê vazio!

Um turbilhão de coisas acontecendo ao mesmo tempo em que a monotonia  permanece,
tantos sentimentos surgindo ao mesmo tempo em que desaparecem,
tanto tempo livre ao mesmo tempo em que o relógio trabalha apressado.

Todas as coisas do mundo aqui e nenhuma me pertence.

sábado, 1 de janeiro de 2011

ê Renata Fagundes !!

Ela tinha ímpeto de desaparecer, virar espuma, vento, soprar longe.
Se sentia culpada quando essa vontade tomava conta dos seus pensamentos,
sempre rodeada de sons, vozes, música, amor, superproteção que ela não pedia.
Tinha gana de desligar os telefones, o interfone, desligar-se.
Não era egoísmo puro e simples, era saudade dela.
Sentia falta de rir sozinha lendo seus livros, acender incenso tomando banho quente, andar pela casa com sua camiseta surrada, descalça, distraída, relaxada, ver seus filmes antigos tomando café forte, queria sua companhia de volta, não definitivamente (solidão nunca a seduziu), pois amava estar com os seus.
Gostava de ser acolhida, mimada, mas algumas vezes, um filme, um café, pés descalços, lhe bastava.

ê Renata Fagundes !

Eles eram indivíduos, um, único, separado, até se conhecerem.
Misturavam palavras, textos, sentimentos, sonhos, vida.
Se misturaram tão profundamente, tão uniformemente,
que era impossível distinguir, onde começava um e onde terminava o outro.