sexta-feira, 22 de abril de 2011

ê Sebastião da Gama !



Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos,
basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
                                 Partimos. Vamos. Somos.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

ê Augusto dos Anjos!


O Lamento das Coisas

Triste, a escutar, pancada por pancada,
A sucessividade dos segundos,
Ouço, em sons subterrâneos, do Orbe oriundos,
O choro da Energia abandonada!

É a dor da Força desaproveitada,
- O cantochão dos dínamos profundos,
Que, podendo mover milhões de mundos,
Jazem ainda na estática do Nada!

É o soluço da forma ainda imprecisa...
Da transcendência que se não realiza...
Da luz que não chegou a ser lampejo...

E é, em suma, o subconsciente ai formidando
Da Natureza que parou, chorando,
No rudimentarismo do Desejo!

ê Augusto dos Anjos!

Faça o obséquio de trazer reunidos
Cloreto de sódio, água e albumina.
Ah! Basta isso. É daí que se origina
A lágrima de todos os vencidos.

A farmacologia e a medicina
Como a relatividade dos sentidos
Desconhecem os mil desconhecidos
Segredos dessa secreção divina.

O farmacêutico me obtemperou.
Vem-me logo à lembrança o Pai Ioiô
Na ânsia fria da última eficácia.

E então a lágrima dos meus olhos cai.
Vale mais lembrar a alma do meu pai
Do que todas as drogas da farmácia.

sábado, 2 de abril de 2011

ê Adélia Prado !

(...) Eu quero a dor do homem na festa de casamento,
seu passo guardado, quando pensou:
a vida é amarga e doce?
Eu quero o que ele viu e aceitou corajoso,
os olhos cheios d’água sob as lentes.