segunda-feira, 11 de julho de 2011

ê Fabrício César !

Poema recíproco

Quando a reciprocidade me olhou nos olhos
Eu fiquei sem o que fazer, mordi os lábios.
Olhei-a com o coração, e ele quis saltar.
De meu peito veio o sinal de assalto,
De minhas pernas o sinal de tremor,
Das tectônicas da alma acima do asfalto,
Das placas de sonhos, veio o do Amor.


Quando ela vem e invade as divisas,
as fronteiras do que pressinto desfalecem,
E mesmo que a razão sempre venha e avise
que ve-la é normal. Os pés se esquecem
que havia chão, antes, ou depois teto.
Eu me sinto um perdido, louco, e raro.
Eu ali, com os olhos e o coração inquietos,
a boca, a alma e os sonhos mais caros.


Quando a reciprocidade nos olhos me olha...
A noite o sol espera, já que não há demora
nem tempo nas pêndulas do infinito ou breve
que desfaça da entrega, as mais inteiras horas.
Ou das pêndulas não faça o mover lento e leve.


O Gosto do Quando.Pedro E João Editores. São Carlos, 2011.